Ganhei esta fonte de um colega já faz algum tempo (ela foi o assunto do meu primeiro vídeo log) e agora resolvi tirar umas fotos do que tem dentro para registro. Interessante é que não há muitas referências a este modelo na Web, somente citações de que usaram em algum experimento (e, claro, o meu vídeo).
Trata-se de uma fonte de alta tensão variável (0 a 2,5 kV) e, até onde entendi pesquisando por aí, ela serve para alimentar válvulas detectoras de radiação e medir os níveis (o tal do "ratemeter" do nome) de emissão (em um tal de "cps" que deve ser alguma coisa por segundo). Nada espetacular, apenas emissões fracas em laboratório. Pelo tipo de montagem e pelos componentes eu chuto que a Philips talvez a produziu no início da década de 70.
Esta aqui já não funciona mais e ainda estou pensando o que fazer com ela. Talvez eu a desmonte para reaproveitar alguma coisa. Meu colega ia levar para o centro de reciclagem mas, por sorte, me ofereceu antes.
Mas vamos as fotos:
O painel frontal |
Detalhe do painel do medidor |
Painel traseiro |
Placa de identificação |
A montagem interna é feita em slots, com 12 placas encaixadas na vertical. A caixa de metal com o desenho de um raio é a parte de alta tensão. A caixa azul acredito que seja o transformador de alimentação, que talvez seja toroidal:
Quatro capacitores amarrados ao painel frontal, logo acima das chaves de teclas:
Depois das placas retiradas dá pra ver os conectores de encaixe. A HP costumava usar esse tipo de montagem em seus instrumentos por volta da década de 60 e 70:
Vista da parte de alta tensão com a blindagem retirada:
O transformador de alta tensão fica embaixo da placa mostrada acima. A corrente é baixa e a frequência deve ser um pouco alta, já que o transformador não é tão grande e usa núcleo de ferrite.
Esquema de ligação do transformador de alimentação. Todo o equipamento possui marcas de fuligem:
A fiação por baixo dos conectores, toda amarradinha:
Vista de baixo do transformador de alimentação e a placa da fonte:
E para ficar registrado, uma foto de cada placa do equipamento. Primeiro uma das placas da fonte de alta tensão. As placas deste setor estão com aparência melhor que as outras por ficarem protegidas pela caixa de metal de blindagem/proteção. Os componentes azuis ligados em série são resistores RN65C (padrão militar) de precisão (1%) de 1M Ohm:
E a outra placa da fonte de alta tensão:Na placa acima ainda vai um conector onde fica a placa abaixo, com quatro diodos BY184 em série:
Agora as placas que ficam fora da blindagem. A primeira eu não limpei antes de tirar a foto, para mostrar o quanto de poeira foi acumulado. Aqueles dois resitores de potência na parte de baixo parecem modernos demais e devem ter sido colocados em alguma manutenção:
Nesta outra placa da pra ver um capacitor de poliéster "zebrinha" descascando. Praticamente todos os capacitores deste tipo na fonte estão com o mesmo problema:
Uma placa só com capacitores, provavelmente da parte do ratemeter, já que ela fica próxima a chave de "Range C.P.S" do painel frontal. E todos aqueles capacitores amarelos são de precisão (1%), algo raro de se ver a não ser em equipamentos de medição. Ainda tenho que procurar nos meus alfarrábios por uma tabela para poder ler o valor daqueles capacitores tubulares na parte inferior direita:
Esta aqui tem um CI FCJ111 (Flip-Flop JK):
E mais um CI nesta aqui, um TTL SN7490 (contador):
E tudo discreto nesta outra, nada menos que 17 transistores:
Mais uma discreta e com uma marca de aquecimento. Parece que 4 transistores metálicos foram trocados por equivalentes em encapsulamento TO-92 (BC557). Aquela ponta de papel logo acima da placa é parte de um bilhete colado na parte de baixo.
O bilhete diz o seguinte: "Retirado dois transistores 2N2484 para o equipamento de difração de Carborundum". Parece que a fonte virou fornecedora de peças para outros equipamentos.
E as fotos das três últimas placas, todas discretas:
Praticamente arqueologia tecnológica. Era o mundo analógico, o império do hardware, com tratamento direto dos sinais, tempos onde olhando o circuito físico era possível ter noção de como o aparelho funcionava. Hoje todo sinal é amostrado, convertido digitalmente e tratado(analisado) matematicamente, programação pesada.
ResponderExcluirÓtimo registro histórico, em breve muito poucas pessoas(vivas...rs) saberão o que foram essas coisas.
Paquequinhos do meu coracao, voce ainda tem essa fonte?
ResponderExcluirNa mudança para SP ela ficou em MG, meu cunhado ficou com ela. Não sei se ainda está com ele...
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