A foto abaixo é do painel de um computador Univac 418 que pertencia a FAI. Os 418 eram computadores transistorizados de 18 bits e foram produzidas aproximadamente 400 unidades de três modelos diferentes (O da FAI parece ser um modelo 2) de 1963 a 1969. Um brinquedo destes, na versão básica, custava mais de US$250.000. (fonte)
Esta unidade pertencia a Companhia de Processamento de dados do Estado de Minas Gerais (PRODEMGE) e foi doado para a FAI em 1977, pelo governador Aureliano Chaves. Dando uma pesquisada encontrei um documento com um projeto de alunos da FAI que modelaram o computador e o prédio onde ele ficava (ocupando uma sala inteira) em 3D no Blender. A leitura é interessante (página 173).
Consegui estas fotos do painel do U418 no mês passado e elas me trouxeram algumas lembranças de infância. Era por volta de 1985 e eu morava perto da ETE e da FAI. De vez em quando alguma criança aparecia com estranhos cartões com furos e sequências de números (parecidos com este aqui) encontrados perto da FAI. A utilidade destes cartões era motivo de muita especulação. A hipótese mais aceita era a de que os cartões seriam as provas aplicadas aos alunos da “administração” (era assim que chamávamos a FAI na época).
Para nós o uso mais comum dos cartões era como moeda de troca (já que dinheiro de verdade ninguém tinha). Os cartões eram escassos e todo mundo queria ter alguns. Dava pra trocar por brinquedos, figurinhas ou gibis (alguns exemplares da minha primeira coleção foram embora assim) com os outros moleques do bairro. Isso durou algum tempo até a “desvalorização da moeda” quando uma menina conseguiu uma caixa inteira destes cartões e distribuiu pra todo mundo.
Já deu pra entender que os cartões eram os usados para programar o U418. Como os programas ocupavam muito espaço físico por causa dos cartões estes eram descartados depois de um tempo. E nós então brincávamos com programas velhos que foram jogados fora. A caixa de cartões devia ser de um programa bem grande (tipo esta aqui)...
Pulando alguns anos tive meu primeiro e único encontro com este lendário computador (a lenda dizia que ele era da NASA). Numa feira da FAI a sala onde ele ficava estava aberta a visitação. Não sei se ainda era usado ou mesmo se funcionava. Desta visita o que mais me chamou a atenção foi o piso elevado verde do CPD que tinha uma das placas estragadas (com um rombo). O computador que é bom eu nem lembro direito...
Parece que o painel mostrado nas fotos é a única parte que sobrou do computador e estará no acervo do futuro museu da FAI.
Fala Voyage,
ResponderExcluirDando seguimento ao meu último comentário postado lá na seção de dissecação do Pense Bem, achei que este seu post seria o lugar apropriado para compartilhar esse tesouro que um amigo me repassou hoje.
Tenho certeza que você, assim como tantos outros leitores daqui (incluso eu), irão ter múltiplos orgasmos ao ler esta documentação...
Dá uma olhada... Trata-se de um grupo de doidos que conseguiu fazer a engenharia reversa do chip MOS 6502 (usado no ATARI, Apple II, Nintendinho e outros milhares), uma vez que toda sua documentação do projeto do chip foi perdida.
Redesenharam ele em um software de layout de chips e criaram uma forma de simular (não emulador) o funcionamento do chip possível de rodar as ROM´s do Atari em JAVASCRIPT!
É mostrado como os engenheiros daquela época desenhavam os 3000 transistores do chip e os 32768 bits da memória em diversos layers na mão, com uma reguinha e uma lápis (uma vez que eles estavam criando os computadores, não existiam computadores para se fazer o desenho e softwares de otimização como hoje)... muito interessante!
Segue os links para deleite:
Um pouco da história do 6502...
...a "simulação" do chip...
...e como foi feita a arqueologia (literalmente) do silício (este PDF é de fazer arrepiar os cabelos da nuca).
wmoecke,
ResponderExcluirJá conhecia o site, esta simulação é uma maravilha. A parte dos PDF eu não sabia, obrigado pelos links.
Ainda tenho por aqui um livro com subrotinas em Assembly para 6502 que me foi muito útil no tempo em que trabalhava com uControladores HC05 da Motorola (o Assembly é parecido).
Vendo estes cartões do Univac, eu acabei lembrando dos cartões perfurados da loteria esportiva lááá da década de 80 e das fitas de telex que eu pegara no lixo do correio e/ou casas pernambucanas.
ResponderExcluireheheh, coisas que a gente não vê mais.
Luciano,
ResponderExcluirRealmente, eu nem lembrava mais destes cartões perfurados de loteria.
As empresas de cigarro tambem faziam pedidos em cartoes perfurados!!! Me lembro que o cara ia la no boteco perto de casa, com uma peça plastica um pouco maior q o cartao perfurado e uma "caneta" com um ferrinho na ponta. Os cartoes eram pré-perfurados, ele usava o ferrinho pra destacar os pequenos retangulos pre-cortados. Ai no cartao tinha o numero do cliente e a quantidade de pacotes do produto X (era 0 a 8 ou 0 a 10, nao lembro, sendo que a quantidade era no eixo vertical. Po, eu devia ter uns 4 a 5 anos, e me lembro claramente que nos cartoes tinha escrito "IBM"...Isso deve ter automatizado HORRORES os pedidos.
ResponderExcluir